<p><img width="406" height="228" src="https://rollingstone.com.br/wp-content/uploads/2025/02/pink-floyd-1973-foto-michael-ochs-archives-getty-images-2.jpg" class="attachment-medium size-medium wp-post-image" alt="Pink Floyd em 1973 (E-D): Nick Mason, Dave Gilmour, Roger Waters e Rick Wright - Foto: Michael Ochs Archives / Getty Images" style="margin-bottom:1rem;" decoding="async" loading="lazy" /></p><p>Ao longo das últimas décadas, artistas de todos os gêneros — do blues e do metal, passando pela psicodelia e pelo hip-hop, até baladas clássicas, shock rock e rock alternativo — encontraram maneiras de transformar medo, violência, delírios e fantasmas internos em música. Algumas dessas faixas são perturbadoras por suas histórias; outras, pela interpretação visceral ou pela atmosfera inquietante que constroem.</p>
<p>A <a href="https://www.rollingstone.com/music/music-lists/best-scary-songs-110099/" target="_blank" rel="noopener"><em><strong>Rolling Stone </strong></em></a>fez uma seleção das 25 músicas mais arrepiantes da história. É um passeio por pactos com o diabo, assassinatos narrados em primeira pessoa, acidentes fatais, paranoias, surtos psicóticos e cultos macabros. Percebemos que a arte é capaz de reverberar o medo, seja na guitarra de <strong>Robert Johnson</strong>, nos gritos de <strong>Roger Waters</strong> ou na narrativa de <strong>Bruce Springsteen</strong>. Prepare-se para revisitar (ou descobrir) um verdadeiro mapa sonoro do terror, que exprime o ápice do desespero humano. Veja abaixo:</p>
<h3>Robert Johnson, “Hellhound on My Trail” (1937)</h3>
<p><iframe title="Robert Johnson - "Hellhound On My Trail" (Legendas Em Português)" width="500" height="281" src="https://www.youtube.com/embed/hJqv--Ya7hk?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>Apenas um ano depois de cantar “<strong>Hellhound on My Trail</strong>”, o guitarrista de blues do <strong>Delta</strong>, <strong>Robert Johnson</strong>, morreu – provavelmente envenenado por um marido ciumento, no verão de 1938. Ele tinha apenas 27 anos, mas deixou um legado de clássicos acústicos marcantes que ainda hoje causam arrepios em quem os ouve, de “<strong>Love In Vain</strong>” a “<strong>Come On in My Kitchen</strong>”. <strong>Johnson</strong> emergiu do <strong>Delta</strong> do Mississippi com um estilo de slide guitar tão sinistro que seus rivais sussurravam que ele o havia adquirido em um pacto com o diabo. “<strong>Hellhound</strong>” é seu momento mais assustador, gravado em sua última sessão, com gemidos e rosnados: “Eu posso ver o vento aumentar, as folhas tremendo na árvore”. Mas em sua guitarra melancólica e aguda, é possível ouvir cada folha daquela árvore estremecer. Como <strong>Bob Dylan</strong> relembrou em <em><strong>Chronicles</strong></em>, “as palavras de <strong>Johnson</strong> faziam meus nervos vibrarem como cordas de piano”.</p>
<h3>Louvin Brothers, “Knoxville Girl” (1956)</h3>
<p><iframe title="Knoxville Girl (The Original Album)" width="500" height="375" src="https://www.youtube.com/embed/CQCHV0CtDNc?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>Talvez a balada de assassinato mais conhecida dos Apalaches seja o relato em primeira pessoa de um sujeito aparentemente comum do Tennessee que, inexplicavelmente, interrompe um passeio com sua amada para espancá-la até a morte com um pedaço de pau, apesar de seus protestos comoventes. Na gravação feita para seu álbum de estreia de 1956, <em><strong>Tragic Songs of Life</strong></em> (que mais tarde se tornou um sucesso na música country), <strong>Ira</strong> e <strong>Charlie Louvin</strong> harmonizam com uma retidão sombria sobre um ritmo de valsa rápido e fácil, que contribui para o fatalismo de seu final moralista e conciso, com o criminoso violento definhando na prisão. (Embora, na verdade, o assassino não pareça mais arrependido na prisão do que quando jogou sua amada morta no rio e voltou para casa para dormir.)</p>
<p>Gravada pela primeira vez em sua forma moderna reconhecível na década de 1920, “<strong>Knoxville Girl</strong>” na verdade se baseou em material que circulava há séculos, talvez com origem em um assassinato real do século XVII em Wittam, Inglaterra. Ao longo dos anos, a vítima titular veio de diversas cidades – de Oxford, na Inglaterra, a Wexford, na Irlanda – o que sugere, de forma assustadora, que praticamente todos os lugares tinham pelo menos uma assassina sanguinária sobre a qual se cantava.</p>
<h3>The Doors, “The End” (1967)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="The End" width="500" height="375" src="https://www.youtube.com/embed/BXqPNlng6uI?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>Com quase 12 minutos de duração, a épica “<strong>The End</strong>“, de <a href="https://rollingstone.com.br/tags/jim-morrison/" target="_blank" rel="noopener"><strong>Jim Morrison</strong></a>, é uma viagem alucinante que culmina num final insano e surpreendente. A obra-prima do rock psicodélico tem sido amplamente interpretada como uma despedida da inocência infantil, e <strong>Morrison</strong> já afirmou isso em entrevistas. Ela começa calmamente, com o cantor se despedindo de seu único amigo, o fim, antes de mergulhar num turbilhão lírico com versos mais selvagens, implorando ao ouvinte que “cavalgue a serpente” e “pegue a estrada para o oeste”. A seção final é uma narrativa falada que reconta a história de <strong>Édipo</strong>, com o narrador dizendo ao pai que quer matá-lo e à mãe que quer fazer sexo com ela, antes de degenerar num turbilhão caótico de palavrões. “<strong>The End</strong>” foi desenvolvida durante o período em que <a href="https://rollingstone.com.br/tags/the-doors/" target="_blank" rel="noopener"><strong>The Doors</strong></a> era a banda residente do <strong>Whisky a Go Go</strong>, quando, numa noite em que <strong>Morrison</strong> havia tomado LSD, ele improvisou o final tumultuoso da música. Eles foram demitidos no dia seguinte.</p>
<h3>Pink Floyd, “Careful With That Axe, Eugene” (1969)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Pink Floyd - Careful With That Axe, Eugene (Music Power & European Music Revolution)" width="500" height="281" src="https://www.youtube.com/embed/KzSJwzTxGas?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>A psicodelia dos anos 60 traduziu sua parcela de fantasias horripilantes em redemoinhos de sons sinistros, ecos de viagens ruins que se infiltravam no subconsciente do ouvinte. Mas em sua forma definitiva – a versão ao vivo do LP <em><strong>Ummagumma</strong> </em>do <a href="https://rollingstone.com.br/tags/Pink-Floyd/" target="_blank" rel="noopener"><strong>Pink Floyd</strong></a> – “<strong>Careful With that Axe, Eugene</strong>” é menos um delírio melancólico de rock do que uma casa mal-assombrada invocada por lisergia, oferecendo porta após porta para você abrir contra o seu bom senso. No início, o órgão de <strong>Richard Wright</strong> dedilha e os pratos de <strong>Nick Mason</strong> vibram, com gemidos suaves e distantes prenunciando a desgraça. Então o título é sussurrado e, antes que o perigo que ele sugere tenha a chance de ser percebido, <strong>Roger Waters</strong> grita repetidamente com um desvario horrível. A guitarra de <strong>David Gilmour</strong> responde com um frenesi, mas logo a música retorna à calmaria silenciosa e sinistra que precedeu o interlúdio violento. Algo terrível aconteceu, e só nos resta imaginar o que foi.</p>
<h3>Exuma, ‘Seance in the Sixth Fret’ (1970)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Exuma - Seance in the Sixth Fret (from Exuma)" width="500" height="375" src="https://www.youtube.com/embed/8NUF4Uh05iE?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>O músico bahamense <strong>Exuma</strong> — também conhecido como <strong>Tony Mackey</strong> — conduz uma verdadeira sessão espírita nesta faixa de seu álbum de estreia homônimo de 1970, um clássico cult. Gravado em um estúdio decorado com velas, ele invoca os espíritos dos mortos; a banda mais tarde relembrou como entraram em “transe”, tocando sinos, chorando, dedilhando instrumentos e marcando uma batida constante na bateria. Esta não é uma versão jocosa de Halloween de comunhão com os mortos, mas sim uma cena de filme de terror gravada em fita. Quando a faixa termina, com pouco mais de sete minutos, o ouvinte se sente verdadeiramente assombrado.</p>
<h3>Bloodrock, “DOA” (1971)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Bloodrock - D. O. A. (1971) HQ" width="500" height="281" src="https://www.youtube.com/embed/QzY5i8zHWdw?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>A banda <strong>Bloodrock</strong>, conhecida por seu sucesso único, alcançou um hit improvável no Top 40 com um relato grotesco de oito minutos e meio em primeira pessoa sobre a morte. A música dos roqueiros lembra o som de uma sirene de ambulância, e a letra descreve as consequências sangrentas de um acidente de avião, enquanto um homem é atendido por um paramédico. Ele sente “algo quente escorrendo pelos [seus] dedos”, tenta mover o braço, mas quando olha, vê que “não há nada lá”. Ele procura sua namorada e vê seu rosto coberto de sangue enquanto ela olha para o horizonte. No final, ele oferece este dístico: “Os lençóis estão vermelhos e úmidos onde estou deitado / Deus no céu, ensine-me a morrer”. A música termina com o som de sirenes americanas. “Acho que talvez o conjunto todo [música e letra] tenha assustado as pessoas, e além disso, as sirenes”, disse o tecladista<strong> Steve Hill</strong> em uma entrevista de 2010 . “A FCC proibiu ‘<strong>DOA</strong>‘. Muitas estações de rádio não a tocavam porque as pessoas paravam seus carros achando que havia uma ambulância atrás delas.”</p>
<h3>Leonard Cohen, “Avalanche” (1971)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Avalanche: Leonard Cohen (1971)" width="500" height="281" src="https://www.youtube.com/embed/m5arwUr8ZzE?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p><em><strong>Songs of Love and Hate</strong></em> pode ser o álbum mais depravado de <a href="https://rollingstone.com.br/tags/Leonard-Cohen/" target="_blank" rel="noopener"><strong>Leonard Cohen</strong></a>, o que já é dizer muito. Relatos de suicídio (“<strong>Dress Rehearsal Rag</strong>”) e infidelidade (“<strong>Famous Blue Raincoat</strong>”) deixam uma marca inegável, mas os momentos mais arrepiantes do LP de 1971 surgem na faixa de abertura, “<strong>Avalanche</strong>”, na qual <strong>Cohen</strong> interpreta com perfeição seu clássico papel de bardo sombrio. Sobre o som envolvente do violão flamenco e cordas crescentes, ele retrata um corcunda vivendo no fundo de uma mina de ouro: “Suas leis não me obrigam / A ajoelhar-me grotesco e nu”, ele debocha. Mesmo quando a canção se aproxima de uma obsessão sombria e, eventualmente, de puro horror (“É a sua vez, amada / É a sua carne que eu visto”), a voz de <strong>Cohen</strong> mantém uma compostura hipnótica. Não é à toa que o poeta laureado do gloom rock, <strong>Nick Cave</strong>, vem regravando a música há mais de 30 anos.</p>
<h3>Alice Cooper, “I Love the Dead” (1973)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="I Love the Dead" width="500" height="375" src="https://www.youtube.com/embed/UpKGfFw8FEA?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>O maior nome do shock rock poderia adicionar inúmeras canções a uma lista de músicas verdadeiramente assustadoras – “<strong>Dead Babies</strong>” (sobre negligência infantil), “<strong>The Ballad of Dwight Fry</strong>” (uma visão interna da loucura), “<strong>Sick Things</strong>” (coisas doentias) – mas é um dos pelo menos três (!) hinos de <a href="https://rollingstone.com.br/tags/alice-cooper/" target="_blank" rel="noopener"><strong>Alice Cooper</strong></a> à necrofilia que permanece o mais arrepiante. Há uma franqueza perturbadora na versão gravada de “<strong>I Love the Dead</strong>” – a faixa gótica e ocasionalmente majestosa que encerra o álbum <em><strong>Billion Dollar Babies</strong></em> – que transcende a sátira: “Enquanto amigos e amantes lamentam seu túmulo ridículo / Eu tenho outros usos para você, querido”. É apenas no palco, onde a música serve como prelúdio para a decapitação noturna de <strong>Cooper</strong> na guilhotina, que ela se torna caricata. Em uma entrevista à <em><strong>Rolling Stone</strong> </em>em 2014, <strong>Alice Cooper</strong> minimizou o valor chocante da canção. “Para mim, qualquer um que a leve tão a sério… é”, disse ele, deixando a frase no ar. “Acho que não é mais possível chocar o público hoje em dia. Se eu cortasse meu braço e o comesse, tudo bem, isso seria chocante. Mas você só pode fazer isso duas vezes.”</p>
<h3>Neil Young, ‘Revolution Blues’ (1974)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Revolution Blues (2016 Remaster)" width="500" height="375" src="https://www.youtube.com/embed/2yK504X_wvs?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>O thriller de <strong>Young</strong> inspirado em <strong>Charles Manson</strong> é o mais próximo que os anos 70 chegaram de um podcast de true crime. Ele conheceu o líder do culto algumas vezes através de <strong>Dennis Wilson</strong>, dos <strong>Beach Boys</strong>, e o canalizou em “<strong>Revolution Blues</strong>“, a faixa arrepiante de sua obra-prima, <em><strong>On the Beach</strong></em>. <strong>Young</strong> se torna maníaco aqui, enquanto canta versos cruéis como “Lembra do seu cão de guarda? / Pois bem, receio que ele tenha ido embora!” e “Bem, ouvi dizer que Laurel Canyon está cheio de estrelas famosas / Mas eu as odeio mais do que leprosos e vou matá-las em seus carros!”. A música era tão assustadora que até mesmo o colega de banda de <strong>Young</strong>, <strong>David Crosby</strong>, implorou para que ele não a tocasse — mas, felizmente, <strong>Young </strong>nunca foi de receber ordens.</p>
<h3>Suicide, “Frankie Teardrop” (1977)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Suicide - Frankie Teardrop (Official Audio)" width="500" height="281" src="https://www.youtube.com/embed/Ugyp4CZF8rU?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p><strong>Alan Vega</strong>, do <strong>Suicide</strong>, apresenta o personagem, um operário de fábrica de 20 anos que luta para sustentar sua família, em rajadas ofegantes, como se quisesse explodir em “<strong>Be-Bop-A-Lula</strong>“, mas vivesse em um mundo sombrio demais para tais prazeres despreocupados. Mal se passou metade dessa elegia de quase 10 minutos e meio, e <strong>Frankie</strong> já matou sua família e a si mesmo, mas nem mesmo a morte é uma fuga – “<strong>Frankie</strong> está deitado no inferno”, insiste <strong>Vega</strong>. E não há como escapar da claustrofóbica atmosfera no-wave do <strong>Suicide</strong>. Os gritos de <strong>Vega</strong> não são catárticos – a princípio, são meio sufocados pela vergonha, depois se transformam em explosões vocais que se desfazem em soluços ou se fragmentam infinitamente por efeitos de delay. A história de <strong>Frankie Teardrop</strong> teria sido mero melodrama se fosse embalada pela guitarra cortante e pela batida acelerada dos contemporâneos do <strong>Suicide</strong> no CBGB, mas o pano de fundo eletrônico de <strong>Martin Rev</strong>, que vibra e range com o murmúrio inquietante de um eletrodoméstico que te atormenta durante uma crise de insônia, sugere, em vez disso, uma visão peculiarmente moderna da danação: não as chamas ardentes da descrição bíblica, mas uma estática cinzenta e exaustiva de desespero perpétuo.</p>
<h3>Throbbing Gristle, “Hamburger Lady” (1978)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Hamburger Lady" width="500" height="375" src="https://www.youtube.com/embed/WiWGzn39v54?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>Sempre fetichistas do grotesco, o coletivo inglês de noise/arte <strong>Throbbing Gristle</strong> atingiu o ápice do <em>body horror</em> com a marcante faixa “<strong>Hamburger Lady</strong>“, do álbum de 1978 <em><strong>DOA: The Third and Final Report of Throbbing Gristle</strong></em>. A letra foi diretamente extraída (e editada) de um testamento escrito pelo artista <strong>Blaster Al Ackerman</strong> – que serviu como médico no Vietnã e, posteriormente, em uma unidade de vítimas de queimaduras em um hospital, onde cuidou de uma mulher que sofreu queimaduras da cintura para cima. “<strong>Hamburger Lady</strong>“, repete <strong>Genesis P-Orridge</strong> com uma expressão impassível, “Ela está morrendo, está queimada da cintura para cima”. Ainda mais arrepiante do que as próprias palavras é o zumbido mecânico e sinistro de um motor, suspenso contra um pano de fundo de ruído branco clínico.</p>
<h3>Joy Division, ‘Day of the Lords’ (1979)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Joy Division - Day Of The Lords (Official Reimagined Video)" width="500" height="281" src="https://www.youtube.com/embed/l4npQSb7dDk?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>“Onde isso vai acabar?”, <strong>Ian Curtis</strong> implora repetidamente em “<strong>Day of the Lords</strong>”. Os integrantes do <a href="https://rollingstone.com.br/tags/Joy-Division/" target="_blank" rel="noopener"><strong>Joy Division</strong></a> eram apenas crianças quando gravaram essa música, do seu clássico álbum de estreia de 1979, <em><strong>Unknown Pleasures</strong></em>. Mesmo assim, eles soavam como se tivessem testemunhado horrores que passariam o resto da vida tentando esquecer. A banda pós-punk veio do desolado cenário industrial de Manchester, no norte da Inglaterra. Eles capturaram a sensação de desgraça iminente da cidade inteira no som sombrio e imponente de “<strong>Day of the Lords</strong>”, com um toque de sintetizador do produtor <strong>Martin Hammett</strong>. <strong>Ian Curtis</strong> narra seus pesadelos, declarando: “Eu vi noites cheias de sangue e dor / E os corpos”. Ele poderia estar cantando sobre guerra, vício em drogas, traumas de infância — mas é um som verdadeiramente angustiante.</p>
<h3>The Birthday Party, “Dead Joe” (1982)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="The Birthday Party - Dead Joe" width="500" height="375" src="https://www.youtube.com/embed/WItkYLgYzP4?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>“Bem-vindos ao acidente de carro”, uiva um <strong>Nick Cave</strong> feroz, então com 25 anos. “<strong>Dead Joe</strong>” é um fiasco sobre um acidente de carro, presumivelmente perto do Natal (a julgar pelo “ho-ho-ho” de <strong>Cave</strong>), tão horripilante que “você não consegue mais distinguir os meninos das meninas” – uma metáfora interessante para a cena pós-punk londrina. A música foi composta por <strong>Cave</strong> e sua então namorada, <strong>Anita Lane</strong>, interpolando elementos tonais do gótico sulista americano em um art-rock turbulento e caricatural. Embora a banda tenha se desfeito apenas um ano depois, <strong>The Birthday Party</strong> influenciou o rock gótico ao incorporar vertentes díspares de blues e rockabilly com um efeito assustador.</p>
<h3>Bruce Springsteen, “Nebraska” (1982)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Nebraska" width="500" height="375" src="https://www.youtube.com/embed/hCpL_ImsiDo?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>Mais uma música de <a href="https://rollingstone.com.br/tags/Bruce-Springsteen/" target="_blank" rel="noopener"><strong>Springsteen</strong> </a>sobre um rapaz, um carro e uma mulher. Só que desta vez o motorista que se oferece para levar a sua amada para longe da sua cidade cheia de perdedores é<strong> Charlie Starkweather</strong>, o assassino em série que aterrorizou o oeste americano durante dois meses no final da década de 50, na companhia da sua “linda menina”, <strong>Caril Ann Fugate</strong>, de 14 anos. <strong>Bruce</strong> já tinha dado voz a almas desesperadas antes, mas geralmente eram pessoas boas que tinham caído em desgraça. Nunca tinha cantado sobre criminosos como esses, e o seu sotaque arrastado assume um tom apropriadamente sociopático e frio, enquanto a sua gaita arranha como um catavento enferrujado no topo de um celeiro abandonado. Quando os captores de <strong>Charlie</strong> exigem saber as razões da sua crueldade, estamos no momento que todos os fãs de filmes de terror reconhecem, em que surge uma explicação psicoterapêutica. A justificativa de <strong>Starkweather</strong>, um encolher de ombros indiferente: “Há simplesmente maldade neste mundo.”</p>
<h3>Metallica, “One” (1989)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Metallica: One (Official Music Video)" width="500" height="375" src="https://www.youtube.com/embed/WM8bTdBs-cw?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>Embora o <a href="https://rollingstone.com.br/tags/metallica/" target="_blank" rel="noopener"><strong>Metallica</strong> </a>tenha sido pioneiro no underground durante a primeira metade da década de 80, eles alcançaram o sucesso mainstream em 1989 com “<strong>One</strong>“, um single sobre um soldado tetraplégico que pede para morrer. “Quando estávamos compondo o álbum <em><strong>Master of Puppets</strong></em>, <strong>James</strong> [<strong>Hetfield</strong>] teve a ideia – como seria estar nessa situação em que você é uma espécie de consciência viva, como um caso perdido, onde você não consegue se comunicar com ninguém ao seu redor”, disse <strong>Lars Ulrich</strong>. “Você não tem braços, não tem pernas, obviamente não consegue ver, ouvir ou falar.” Eles revisitaram a ideia no outono de 1987, quando seus empresários os apresentaram ao romance e filme de <strong>Dalton Trumbo</strong>, <em><strong>Johnny Got His Gun</strong></em>, que narra a agonia de um soldado americano patriota,<strong> Joe Bonham</strong>, na Primeira Guerra Mundial, que acorda um dia e descobre que uma mina terrestre o despojou de seus membros, olhos, ouvidos e grande parte de sua boca – mas ele ainda consegue pensar e sentir. Ele acaba batendo a cabeça no travesseiro em código Morse, pedindo aos seus médicos que o matem. Para o <strong>Metallica</strong>, essa história – embalada por riffs de thrash metal frenéticos durante quase oito minutos – resultou em um improvável sucesso no Top 40, um videoclipe inesquecível com cenas do filme e uma vitória no <strong>Grammy</strong>.</p>
<h3>Slayer, ‘Dead Skin Mask’ (1990)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Dead Skin Mask" width="500" height="375" src="https://www.youtube.com/embed/eVmaqj668Fk?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>O assassino em série <a href="https://rollingstone.com.br/tags/Ed-Gein/" target="_blank" rel="noopener"><strong>Ed Gein</strong></a>, do Wisconsin dos anos 1950, está vivendo um momento cultural graças ao recente sucesso da <strong>Netflix</strong>, <strong><em>Monster: The Ed Gein Story</em></strong>. Mas os verdadeiros fãs de assassinatos (e de metal) sabem que o <a href="https://rollingstone.com.br/tags/slayer/" target="_blank" rel="noopener"><strong>Slayer</strong></a> já havia feito isso antes com essa versão arrasadora de seu clássico thrash de 1990, <em><strong>Seasons in the Abyss</strong></em>, inspirada em <strong>Gein</strong>. <strong>Tom Araya</strong> narra a perspectiva de <strong>Gein</strong> com uma introdução falada sobre guitarras pulsantes que resolvem seus riffs sombrios com dois solos brutais. <strong>Araya</strong> eventualmente chega ao ponto principal da música — “na mente do insano / Fantasia e realidade são a mesma coisa” — mas a genialidade horripilante vem no final, quando se ouve uma voz feminina com sotaque do Centro-Oeste americano dizer: “Eu não quero mais brincar, <strong>Sr. Gein</strong> / Eu quero sair daqui, <strong>Sr. Gein</strong> / Me tire daqui AGORA!”</p>
<h3>Geto Boys, ‘Mind Playing Tricks On Me’ (1991)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Geto Boys - Mind Playing Tricks On Me (Official Video) [Explicit]" width="500" height="281" src="https://www.youtube.com/embed/IJtHdkyo0hc?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>Não há introdução instrumental, nem adaptação ao clima na mente do rapper <strong>Scarface</strong> na música implacável dos <strong>Geto Boys</strong> sobre doenças mentais, estresse e paranoia. Ele simplesmente começa a contar como as coisas são: “Eu sento sozinho no meu quarto de quatro cantos, encarando velas”. Embora essa música seja creditada por dar início ao subgênero de rap de curta duração “horrorcore”, há muito pouco de caricatural em “<strong>Mind</strong>“, apenas gângsteres texanos chegando ao ponto em que seu estilo de vida gera alucinações.<strong> Bushwick Bill</strong> chega a nos informar que suas credenciais de malfeitor são tão completas que ele, de fato, roubaria doces de um bebê: “O Halloween caiu em um fim de semana / Eu e os <strong>Geto Boys</strong> estamos pedindo doces ou travessuras / Roubando sacolas de criancinhas”. A música resultante ajudou a colocar o hip-hop texano no mapa.</p>
<h3>PJ Harvey, “Down By the Water” (1995)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="PJ Harvey - Down By The Water" width="500" height="281" src="https://www.youtube.com/embed/lbq4G1TjKYg?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>Uma história contada por uma bruxa do pântano. No primeiro single de seu álbum de 1995, <em><strong>To Bring You My Love</strong></em>, <strong>Polly Jean Harvey</strong> se transforma em uma mãe sedutora e filicida de um submundo pantanoso, chamando sua filha de volta do rio onde ela se afogou. O videoclipe mostra <strong>Harvey</strong> ondulando ao ritmo sinistro do cha-cha-cha e se debatendo debaixo d’água em um vestido de cetim vermelho: ela realmente teve dificuldade para voltar à superfície, contou à revista <em>Spin</em>, graças ao peso de sua volumosa peruca preta. O refrão brinca com a aparentemente inofensiva “<strong>Salty Dog Blues</strong>“, um clássico americano gravado pela primeira vez pela lenda de Nova Orleans, <strong>Papa Charlie Jackson</strong>: “Peixinhos, peixinhos nadando na água”, sussurra <strong>Harvey</strong>, “Voltem aqui e me devolvam minha filha”.</p>
<h3>Nick Cave and the Bad Seeds, “Song of Joy” (1996)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Nick Cave & The Bad Seeds - Song of Joy (Official Audio)" width="500" height="281" src="https://www.youtube.com/embed/77oXG0VNghU?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>Quase todas as músicas de <strong>Nick Cave</strong> são assustadoras; poucos artistas se dedicaram ao sombrio e macabro como o líder australiano do <strong>Bad Seeds</strong>. Em meados dos anos 90, ele se encarregou de escrever e gravar o álbum autoexplicativo<em><strong> Murder Ballads</strong></em>, cujas canções ceifam a vida de dezenas e dezenas de vítimas fictícias azaradas. Sua faixa de abertura, originalmente planejada como uma sequência de “<strong>Red Right Hand</strong>“, favorita de <strong>Cave</strong> e inspirada em <strong>Milton</strong>, conta a história de um homem que conhece uma garota “doce e feliz” chamada <strong>Joy</strong>, com quem ele acaba se casando, apenas para encontrá-la um dia “amarrada com fita isolante, com uma mordaça na boca / Esfaqueada repetidamente e enfiada em um saco de dormir”. O assassino também tirou a vida das outras três filhas do narrador; ao final da música, parece que o narrador pode saber mais do que deixa transparecer. “Eles nunca pegaram o homem”, canta <strong>Cave</strong>. “Ele ainda está à solta.”</p>
<h3>Tom Waits, “What’s He Building?” (1999)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Tom Waits - "What's He Building?"" width="500" height="375" src="https://www.youtube.com/embed/04qPdGNA_KM?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>Esse monólogo dramático de um vizinho intrometido é acompanhado por uma paleta de efeitos sonoros arrepiantes – clangores metálicos abafados, ruídos eletrônicos baratos – que seriam a inveja de qualquer designer de casas assombradas. Sempre um cara sinistro (não é à toa que <strong>Francis Ford Coppola</strong> o escalou como o devorador de insetos <strong>Renfield</strong> em sua versão de <em><strong>Drácula</strong></em>), <a href="https://rollingstone.com.br/tags/Tom-Waits/" target="_blank" rel="noopener"><strong>Tom Waits</strong></a> ofega aqui como se estivesse apontando uma lanterna para o queixo para assustar um grupo de escoteiros rebeldes. Aliás, a maneira como ele repete “O que ele está construindo lá dentro?” – enfatizando a palavra “construindo” a cada vez com uma compulsão preocupada – acaba fazendo o narrador soar muito mais suspeito do que o excêntrico solitário que ele está espionando. Pelo menos até o epílogo perturbador, onde ouvimos o assobio vindo da casa do construtor excêntrico.</p>
<h3>Eminem, “Kim” (2000)</h3>
<p><iframe loading="lazy" title="Kim" width="500" height="375" src="https://www.youtube.com/embed/-SeVN2u5Axc?feature=oembed" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" referrerpolicy="strict-origin-when-cross-origin" allowfullscreen></iframe></p>
<p>Uma das músicas mais arrepiantes do rap é a recriação, rima por rima, do momento em que um relacionamento abusivo se torna mortal. Escrita e lançada quando seu relacionamento com a então esposa, <strong>Kim Scott</strong>, estava no auge da toxicidade, a canção retrata o rapper assassinando o marido e o enteado de <strong>Kim</strong>, enquanto a agride verbalmente desde sua casa até um carro e, finalmente, no local onde a mata. Ele grita a música inteira e até imita a voz de <strong>Kim</strong> em momentos em que ela refuta suas afirmações. “Se eu fosse ela, teria fugido quando ouvisse essa merda”, disse seu mentor,<strong> Dr. Dre</strong>, à <strong><em>Rolling Stone</em></strong> em 1999. “É exagerado – a música inteira é ele gritando. Mas é boa. <strong>Kim</strong> lhe inspira.”</p>
<h3>Tori Amos, “’97 Bonnie e Clyde” (2001)</h3>
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<p>A fantasia de vingança de <a href="https://rollingstone.com.br/tags/eminem/" target="_blank" rel="noopener"><strong>Eminem</strong></a>, “<strong>’97 Bonnie and Clyde</strong>“, era uma faixa animada, porém horripilante, onde o MC detalhava uma viagem de pai e filha à praia, com algumas dicas de que “Mamãe”, no porta-malas, não estava exatamente acompanhando a viagem por vontade própria. A reinvenção de <strong>Tori Amos</strong> para seu álbum de covers de 2001, <em><strong>Strange Little Girls</strong></em>, aumenta o teor gótico americano com cordas de filme de terror, batidas de sintetizador baratas e uma inversão da perspectiva da música – sua interpretação estrangulada e ternura maternal fazem o monólogo soar como se viesse da vítima enquanto a vida está sendo drenada dela. “‘<strong>Bonnie & Clyde</strong>‘ é uma música que retrata a violência doméstica com muita precisão, certeira”, disse <strong>Amos</strong> à MTV em 2001 . “Eu não me identificava com o personagem que ele representava. Havia uma pessoa que definitivamente não concordava com isso, e essa pessoa era a mulher no porta-malas. E ela falou comigo… Ela me pegou pela mão e disse: ‘Você precisa ouvir isso como eu ouvi.'”</p>
<h3>Johnny Cash. ‘Hurt’ (2002)</h3>
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<p class="paragraph larva // lrv-u-line-height-copy lrv-a-font-body-l"><span dir="auto">A versão de <strong>Johnny Cash</strong> para “<strong>Hurt</strong>“, do <strong>Nine Inch Nails</strong>, lançada um ano antes de sua morte aos 71 anos, é um estudo sobre o terror existencial, entregue por um homem que sabe que não lhe resta muito tempo e que não está mais tentando disfarçar a dor da vida. <strong>Cash</strong> inicialmente hesitou em gravar a música; o produtor <strong>Rick Rubin</strong> teve que enviá-la três vezes antes que ele concordasse em tentar. Mas o resultado acabou sendo uma das versões mais assombrosas já gravadas — até <strong>Trent Reznor</strong> teve que admitir, depois de ver o vídeo: “essa música não é mais minha”. Mas por trás da postura forte de <strong>Cash</strong>, há uma raiva e um medo projetados no ouvinte. Quando ele canta “Eu vou te decepcionar/Eu vou te machucar” — algo entre um pedido de desculpas e uma ameaça — parece que suas ansiedades mais profundas sobre a humanidade, e sobre você mesmo, vêm para te devorar vivo.</span></p>
<h3>Sufjan Stevens, “John Wayne Gacy, Jr.” (2005)</h3>
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<p>O ambicioso álbum de <strong>Stevens</strong>, <strong><em>Illinois</em></strong>, abordou diversos momentos da história do estado, incluindo a história assombrosa do assassino em série dos anos 70, <strong>John Wayne Gacy Jr.</strong> – também conhecido como “o Palhaço Assassino” – que enterrou os corpos de 26 adolescentes que ele abusou sexualmente e assassinou no porão de sua casa. “Senti uma empatia imensurável não com seu comportamento, mas com sua natureza, e não havia nada que eu pudesse fazer para evitar confessar isso, por mais horrível que soe”, explicou ele em uma entrevista na época do lançamento do álbum, observando também que <strong>Gacy</strong> servia como um contraponto às figuras mais otimistas de <strong><em>Illinois</em> </strong>que ele vinha explorando, como <strong>Abraham Lincoln</strong> e <strong>Carl Sandburg</strong>. O estilo contido de <strong>Stevens</strong> na interpretação musical – cantando suavemente sobre o dedilhar abafado de um violão – torna sua empatia quase terna por <strong>Gacy</strong> ainda mais arrepiante.</p>
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<h3 id="gpt-dsk-tab-list-inbodyX-uid22" class=" adw-728 adh-90" data-google-query-id="CLq7xqHrsJEDFfZN3QIdoGk9ZQ">MJ Lenderman, ‘Bark at the Moon’ (2024)</h3>
<p>A faixa final do agora clássico álbum de <strong>MJ Lenderman</strong>, <strong><em>Manning Fireworks</em></strong>, começa com alguns medos legítimos de adultos: perder o senso de humor, entrar em bebedeiras sérias e a ideia de que se mudar para Nova York pode mudar seu jeito de se vestir (que horror!). Mas aí a coisa fica realmente assustadora, quando <strong>Lenderman</strong> admite que passou noites em claro jogando “<strong>Bark at the Moon</strong>” do <strong>Ozzy Osbourne</strong> no Guitar Hero. Ele libera seu lobo interior e solta um ” ah-hoooo! ” em homenagem a “<strong>Werewolves of London</strong>” do <strong>Warren Zevon</strong>, seguido por quase 7 minutos de distorção arrepiante que sugerem um próximo capítulo perturbador na história desse cara, que só podemos imaginar. Quando <strong>Lenderman</strong> canta “SOS!”, você está tão apavorado quanto ele.</p>
<p><a href="https://rollingstone.com.br/musica/as-100-melhores-musicas-internacionais-de-2025-segundo-rolling-stone/" target="_blank" rel="noopener"><strong>+++ LEIA MAIS: As 100 melhores músicas internacionais de 2025, segundo Rolling Stone</strong></a></p>
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